Elétrico JAC e-J7 agrada na proposta, não em conteúdo
Com estilo fastback, o JAC e-J7 é a aposta da chinesa no mercado de carros elétricos, que vem ganhando seu espaço, mesmo com a alta absurda dos carros novos, falta de chips e o dólar alto. Isso tudo sem incentivos fiscais efetivos do governo brasileiro.
Estiloso, ele chama atenção por suas formas e pela eficiência de seu conjunto elétrico, buscando um posicionamento diferente de outros modelos elétricos na mesma faixa de preço.
Abrindo caminho, o e-J7 se posiciona como um carro elétrico de porte médio, em meio a vários compactos elétricos, e ainda com números interessantes: 193 cavalos, 0 a 100 km/h em 5,9 segundos e 402 km de alcance.
Para oferecer isso e algo mais, o JAC e-J7 cobra R$ 264.900, apoiando-se em um custo baixo por quilômetro rodado e emissão zero de poluentes, o que o livra até do rodízio de São Paulo.
Por fora…
O JAC e-J7 é um sedã médio com linhas de fastback que lhe vestem bem. As lanternas de design agradável com LED e o acabamento cromado nas janelas, se integram bem ao conjunto.
A tampa grande e larga se funde igualmente com a estrutura. Nas laterais, as rodas aro 17 polegadas com pneus 215/55 R17 possuem desenho agradável e ajudam no visual equilibrado.
Já o teto não faz feio com vidro elétrico em área maior que o tipo padrão, ampliando a iluminação interna aliado a um fundo preto com as colunas, que combinam bem com a proposta.
Todavia, apesar dos faróis duplos de LED de design moderno, o conjunto frontal parece acanhado, com a tampa dos plugues bem aparente, não combinando com a face sem grade.
Por dentro…
Assim como a frente não combina com o restante, o painel do JAC e-J7 poderia ter sido melhor trabalhado em suas formas, ainda que a marca tenha colocado a multimídia vertical em foco.
As formas que morrem nela são simples demais, quase como sendo uma mera adaptação da tela. Os difusores de ar são pequenos e o material do revestimento central tem textura ruim.
De qualquer forma, a parte superior é toda envolvida por soft touch, o que é ótimo. No console, falta um carregador indutivo de smartphone e o conjunto de marcha é bem resolvido.
Há um botão giratório para D, N e R, além do P no topo. Os modos de condução Eco e Sport (que não são da Ford) deveriam estar nesse lugar e não escondidos na multimídia.
O revestimento central do painel está nos apoios de portas, e o acabamento vertical delas agrada pela maciez e visual. As maçanetas metalizadas também são interessantes.
A instrumentação digital tem três tonalidades que combinam com as luzes ambiente, presentes no painel e portas dianteiras, que possuem mais cores e opções de interação.
Já os bancos possuem belo design, mas não são tão envolventes quanto os assentos de modelos mais antigos da marca, que a SHC botou a mão. O do motorista tem ajuste elétrico.
Outra falha é o retrovisor interno dia e noite, mas a JAC lembrou de adicionar uma câmera de gravação de vídeo e fotos. Ela poderia ser usada também em um pacote ADAS, não existente.
Também o volante não agrada, por ser de design simples demais e antiquado. O volante do iEV40 é melhor visualmente. Ainda assim, a direção tem os comandos necessários.
Com bom espaço interno, o JAC e-J7 tem espaço bom para pernas atrás e o teto curvado não interfere nos passageiros altos. Há difusor de ar e apoio de braço com porta-copos no banco.
Já o porta-malas tem bons 590 litros e a tampa grande, de acionamento elétrico, permite acomodar bons volumes em seu interior.
Por ruas e estradas…
O JAC e-J7 é um carro com excelente desempenho. Seu propulsor elétrico frontal tem ótimos 193 cavalos e 34,7 kgfm, disponíveis imediatamente ao acelerar.
Já provado em pista, no dia a dia o conjunto elétrico do sedã da JAC Motors agrada pela disponibilidade de força bem dosada, especialmente no modo Eco, que atenua até o pedal.
Ainda assim, se precisar ou desejar, basta apertar o pedal para que o e-J7 acelere com empolgação, saindo assim de sua zona de conforto para uma condução mais esportiva.
Há o modo Sport, onde a entrega de potência ocorre de forma instantânea, permitindo assim saídas muito rápidas, deixando os demais carros para trás num semáforo, por exemplo.
Essa é uma vantagem do carro elétrico, que consegue saltar na frente dos carros a combustão, que ganham apenas em velocidade final. No caso do e-J7, o limite é 150 km/h.
A aceleração no sedã médio chinês é linear e sem abano de dianteira, mostrando um conjunto bem acertado, fruto da parceria da JAC com a Volkswagen na China. Precisa de 5,9 segundos até 100 km/h.
A alteração dos modos de condução se dá na multimídia, mas deveria estar mesmo é no console, tornando a mudança mais rápida. Já no consumo de energia, o e-J7 é interessante.
Na estrada ele gasta mais, evidentemente, com 6,17 km/kWh ou que é apresentado como 16,2 kWh/100 km, parecendo melhor forma de entender, nesse caso. Não estamos queimando combustível por km/l.
Já na cidade, o consumo é de 6,76 km/kWh ou 14,8 kWh/100 km. Números longe dos 12,5 kWh/100 km divulgado pela JAC.
Claro, as condições de teste da marca não foram, evidentemente, reproduzidas por nós, que usamos o JAC e-J7 em nosso dia a dia, como motoristas comuns.
Ao volante, a direção elétrica se apresenta mais leve que o esperado em baixa, mas ela rapidamente mostra sua progressão, ajudando na boa dirigibilidade do sedã elétrico.
Os freios também agem de acordo com o esperado, e por isso não nos traz surpresas desagradáveis. Já a suspensão é bem macia, como é o padrão chinês, algo nunca mudado pela SHC na JAC.
Absorvendo razoavelmente as irregularidades do solo, sofre pelo curso pequeno e apresenta alguns ruídos no conjunto dianteiro. Estes são amenizados pelo isolamento acústico bom.
Ainda que seja macia, nas curvas, a suspensão se comporta bem, ainda mais com o conjunto traseiro sendo multilink.
Para ficar com ele, será apenas uma questão de costume dirigir com esse comportamento.
Com os sistemas básicos de segurança para um carro de sua categoria, o JAC e-J7 mostra que nem tudo são como as linhas luminosas que representam a natureza em seu interior.
Falta mesmo um controle de cruzeiro adaptativo, estacionamento automático, assistente de faixa e saída de pista, além do detector de pedestres com frenagem autônoma.
Isso tudo apenas para começar a estar em sintonia com o mercado em sua faixa de preço. O e-J7 tem somente piloto automático, câmera de ré e sensores de estacionamento na frente e atrás.
De rodar suave e silencioso, o JAC e-J7 pelo menos atende às exigências para elétricos, com som obrigatório até 27 km/h, quando o zunido simplesmente desaparece com a velocidade.
Isso ajuda muito quando só se ouve o ruído dos pneus, alertando assim os pedestres de uma possível colisão entre carro e pessoa.
Na recarga, o JAC e-J7 plugado numa tomada doméstica de 220V e durante 8 horas, obteve 100 km de alcance adicional. Passou de 59% para 83% de bateria nesse período, noturno.
Rodando de SP até o Guarujá, foram pouco mais de 130 km gastos, incluindo pesado trânsito da capital paulista. Usamos o limite das rodovias, explicando o gasto adicional.
A descida da serra, no entanto, não contribuiu para a autonomia, mesmo no modo e-Pedal, que usa o freio-motor para recuperar parte da energia consumida em desaceleração.
Por você…
Numa faixa de preços com italiano que toca, francês comum e estiloso britânico para jovens ricos, o JAC e-J7 surge com algo mais, além do visual que atrai quem está na rua.
Com mais espaço interno que a média dos elétricos de preço próximo, o sedã da JAC tem ainda um conjunto de potência, torque e alcance realmente bons, que deixam até luxuosos para trás.
Sua proposta mais executiva, chega a atender a família, porém, o que falta mesmo são detalhes para agregar mais ao valor cobrado pela marca. Já citados na matéria, atrairiam mais clientes.
Sim, existe a questão do custo e a JAC até enaltece gasto de até R$ 30,00 por recarga completa. Ou seja, R$ 30,00 para rodar 402 km, algo impossível em carros flex ou com GNV.
Compensa? Essa é uma conta que o cliente deve considerar. Contudo, a pergunta certa é: quanto custa dispor de uma nova tecnologia antes da maioria? Para alguns, isso não tem preço.
Medidas e números…
Ficha Técnica do JAC e-J7 2023
Motor/Transmissão
Motor – Elétrico
Potência – 192 cv a 0 rpm
Torque – 34,7 kgfm a 0 rpm
Transmissão – 1 velocidade
Desempenho
Aceleração de 0 a 100 km/h – 5,9 segundos
Velocidade máxima – 150 km/h
Consumo urbano – 6,76 km/kWh
Consumo rodoviário – 6,17 km/kWh
Suspensão/Direção
Dianteira – McPherson/Traseira – Multilink
Elétrica
Freios
Discos dianteiros e traseiros com ABS e EDB
Rodas/Pneus
Liga leve aro 16 com pneus 215/55 R17
Dimensões/Pesos/Capacidades
Comprimento – 4.770 mm
Largura – 1.820 mm (sem retrovisores)
Altura – 1.510 mm
Entre eixos – 2.760 mm
Peso em ordem de marcha – 1.650 kg
Bateria – 50,1 kWh
Autonomia – 402 km
Porta-malas – 590 litros
Preço: R$ 264.900
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